Exposição de poesia de João Raposo “Pedaços de Mim”

A Junta de Freguesia dotou a sua sede de um espaço expositivo em 2007 que permite a realização de exposições periódicas, individuais ou coletivas de artes plásticas.
O desafio foi lançado a todos os munícipes residentes na nossa Freguesia através do nosso portal uf-carnaxide-queijas.pt, mediante inscrição prévia.
O desafio foi aceite pelo Sr. João Raposo, residente em Outurela-Carnaxide, referindo que “… A minha veia poética pode ter sido despoletada pela convivência com o meu avô, que também tinha este dom.” e “… Mas só aos 16 anos, por reconhecimento e incentivo da minha professora é que comecei a perceber o quanto gostava de poesia e de escrever”. Esta será a sua primeira exposição oficial e nesta União de Freguesias.
A exposição “Pedaços de Mim” estará patente, entre os dias 5 e 28 de Fevereiro, no horário de atendimento ao público desta Autarquia e que decerto ficará agradado pelas obras expostas.
Biografia de João Raposo
O meu nome é João Raposo. Nasci em Castelo Branco, numa aldeia (Ladoeiro). A minha família era numerosa e muito pobre. Direi mesmo que sou filho da pobreza. Tive uma infância muito triste, que me serviu de inspiração para escrever o poema “Destino”. Aos 6 anos já andava a guardar ovelhas e o meu ordenado era fome e maus tratos. Aos 10 anos vim para Lisboa e aos 12 anos acabei a escola primária, começando logo a trabalhar numa fábrica. Aos 14 anos iniciei a minha profissão de torneiro mecânico, mas aos 16 anos decidi ir estudar à noite na Escola Marquês de Pombal. Passado pouco tempo fui à tropa, onde estive dezasseis meses em Oeiras.
Casei aos 28 anos e aos 30 anos tive o meu filho de quem me orgulho muito. Como quis sempre ter uma vida melhor e vivenciar novas experiências, aos 35 anos emigrei para o Luxemburgo. Trabalhei em vários locais para sustentar a família, desde uma vacaria até um restaurante. Mas foi numa multinacional que me mantive empregado mais tempo, até aos 57 anos, que foi quando me reformei. Com a vida mais estabilizada, regressei a Portugal, onde vivo atualmente, ficando o Luxemburgo para pequenas visitas.
A minha veia poética pode ter sido despoletada pela convivência com o meu avô, que também tinha este dom. Era pastor, não sabia ler nem escrever, mas constantemente fazia umas quadras. Também um tio materno tinha este gosto pela poesia, sendo reconhecido como poeta popular. Mas só aos 16 anos, por reconhecimento e incentivo da minha professora é que comecei a perceber o quanto gostava de poesia e de escrever. Segundo a mesma, a minha escrita fazia a sua mente ir para além do horizonte. Assim sendo, passei a minha vida a fazer quadras e poemas, mas sem reconhecer a escrita e a poesia como algo que tivesse jeito.
Quando festejei meio século, escrevi uma canção para a minha mulher que foi cantada por um cantor da localidade onde morava. Este dia fez com que fosse reconhecido este meu hobbie, e a partir daí comecei a ser solicitado para escrever poemas para aniversários, casamentos, entre outras ocasiões especiais.
Em 2009 por incentivo de amigos participei num concurso de talentos, tendo ganho o primeiro prémio por ter recitado o poema “Em Memória de Ary dos Santos”, que foi escrito em homenagem aos 25 anos da sua morte e o poema “Porque Partiste”, inspirado na história de vida de um amigo.
Mais tarde, fui convidado para participar em reuniões de literatura, um género de tertúlia mensal, sempre temática, para a qual escrevi vários poemas que foram posteriormente traduzidos para Francês, dada as diferentes nacionalidades dos participantes.
Tendo em conta o meu percurso, decidi partilhar um pouco de mim e do meu trabalho enquanto poeta popular, demonstrando que o nosso país tem talentos escondidos e que é fundamental continuar a valorizar e a difundir a nossa cultura.
2014/02/10 JF UF Carnaxide e Queijas

